Executivo da Gutierrez confirma que Lobão pediu dinheiro para campanha

Por Luís Pablo Polícia / Política
 

O Globo

Senador Edison Lobão

Senador Edison Lobão

Flavio David Barra, executivo da Andrade Gutierrez preso na 16ª fase da Operação Lava-Jato, confirmou nesta quinta-feira que houve uma reunião sobre assuntos relacionados ao consórcio de Angra 3 e que, no final do encontro, o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, pediu uma contribuição para o PMDB em nome do senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia.

As informações foram dadas pelos advogados da Andrade Gutierrez Roberto Telhada e Edward Carvalho. Os dois disseram que seu cliente se negou a pagar. O mesmo já havia dito Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa, que citou esta mesma reunião em sua delação premiada.

Preso na última terça-feira, Barra prestou depoimento nesta quinta-feira à Polícia Federal em Curitiba e seus advogados comentaram o teor do depoimento.

“Nessa reunião, Ricardo Pessoa disse que Edison Lobão desejava uma contribuição financeira. Meu cliente (Flávio Barra), disse que a Andrade Gutierrez não pagaria nada. Dalton Avancini disse que também a Camargo Corrêa não pagaria a propina a Lobão”, disse Edward Carvalho, que participou do depoimento do executivo.

Com este depoimento, Barra confirma a realização desta reunião citada na delação de Pessoa, que apontou a existência de propinas nos negócios de Angra 3.

A reunião teria sido realizada em agosto de 2014 para que as empreiteiras Camargo Corrêa, UTC e Andrade Gutierrez discutissem detalhes do contrato de obras de Angra 3, sob responsabilidade da Eletronuclear.

O empresário Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa, disse em seu termo de delação premiada que nessa reunião teria sido discutido também o pagamento de propinas de 1% do montante do contrato para o PMDB e dirigentes da Eletronuclear.

O advogado do senador Edison Lobão (PMDB-MA), Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a defesa do ex-ministro das Minas e Energia não vai comentar o depoimento de Flávio Barra porque ele foi baseado em delações premiadas dos empresários Ricardo Pessoa e Dalton Avancini, cujo teor não foi liberado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Só vamos nos manifestar quando soubermos o que Pessoa e Avancini disseram”, disse Kakay.

Barra está preso temporariamente na sede da PF em Curitiba desde terça-feira. Se o juiz Sérgio Moro não renovar o período de cinco dias de sua prisão, Barra deve ser solto até este sábado.

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