Corrupção: procurador da Lava-Jato diz que R$ 200 bilhões são desviados dos cofres públicos do país a cada ano

Por Luís Pablo Brasil
 

O Globo

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O procurador Deltan Dallagnol, coordenador das investigações da Operação Lava-Jato em Curitiba, afirmou nesta quarta-feira que a corrupção é uma assassina em série, que mata silenciosamente milhares de pessoas em estradas esburacadas, hospitais sem remédios e ruas sem segurança.

Deltan Dallagnol fez a declaração na abertura da audiência promovida pela Comissão Geral no plenário da Câmara dos Deputados para discutir as 10 Medidas de Combate à Corrupção, pacote de projetos elaborados na esteira das investigações da Lava-Jato.

— A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa. Ela é uma serial killer que se disfarça de buracos de estradas, de falta de medicamentos, de crimes de rua e de pobreza — afirmou o procurador diante de parlamentares.

A presença de Deltan na Câmara acontece num momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) já possui 59 inquéritos a partir de investigações da Lava-Jato contra 134 investigados com foro privilegiado.

Procurador Deltan Dallagnol

Procurador Deltan Dallagnol

Como exemplo, citou o caso de uma pessoa na Bahia que morreu por falta de um determinado medicamento na rede pública. No mesmo período da morte, o Ministério Público estava investigando compra superfaturada do mesmo tipo de medicamento.

Os remédios teriam sido comprados por valores, em alguns casos, até dez vezes superiores aos oferecidos nas farmácias locais e, ainda assim, teriam sido entregues com data de validade vencida.

— A corrupção mata — repetiu Dallagnol.

Durante o discurso, o procurador voltou a pedir apoio do Congresso Nacional ao pacote anticorrupção. Segundo ele, estudos indicam que aproximadamente R$ 200 bilhões são desviados dos cofres públicos do país a cada ano. Essas cifras poderiam triplicar os investimentos do governo federal em Educação e Saúde e quintuplicar as cifras aplicadas em Segurança Pública pelos governos federal, estaduais e pela prefeituras.

Para o procurador, a violência silenciosa da corrupção deve ser duramente combatida pela sociedade e pelas estruturas políticas. Para ele, desvios de dinheiro público não têm cor partidária. Ele sustenta ainda que a população precisa entender que nem todo político é corrupto. Da mesma forma, o Congresso Nacional deveria entender a relevância dos projetos de combate à corrupção apresentados pelo Ministério Publico com vasto apoio popular.

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