Rodoviários podem fazer greve geral por causa da falta de segurança

Por Luís Pablo Maranhão
 

Greve-dos-motoristas“Saímos de casa sem ter a certeza de que iremos voltar para nossos familiares”, diz um motorista de ônibus de São Luís, vítima de três assaltos em menos de uma semana. O medo é justificado pela média deste tipo de crime que é de dois roubos por dia – foram 380 assaltos registrados na região metropolitana (aumento de 42% neste tipo de crime se comparado ao ano de 2012 que teve 268 casos registrados).

Com medo de represálias dos empresários e dos próprios bandidos, o motorista preferiu não se identificar, mas deixou claro que a sensação de impotência e insegurança faz parte da rotina dos rodoviários e também dos passageiros. Na mira de armas de fogo e na ponta de facas e outros tipos de armas brancas, José de Ribamar (nome fictício), 30 anos, diz que o problema dos assaltos está longe do fim.

O ônibus que dirige percorre diariamente a Avenida Daniel de La Touche e no bairro do Ipase, uma das áreas de maior incidência de roubos. Mas o que mais chama atenção é o fato dos criminosos se misturarem nos terminais de integração e esperarem a melhor oportunidade para praticar o crime. “É complicado. Não temos segurança nenhuma. Os caras (bandidos) entram nos terminais e quando chegam no Ipase costuma agir, pois fica difícil fazermos a identificação. Quando vemos pessoas suspeitas nas ruas nós não paramos, mas no terminal não tem jeito”, destacou o motorista que foi vitima do mesmo crime sempre nas proximidades do Ipase.

Carlos Eduardo, 45 anos, cobrador da empresa Expresso 1.001, nunca foi assaltado, mas assim como os demais colegas teme pela própria vida. “Os riscos são os mesmos para quem foi roubado e para quem ainda não foi. O que nos faz continuar é realmente a necessidade de sustentar nossas famílias. Temos que ter fé em Deus e pedir muita proteção dos santos porque se for depender da polícia ou dos empresários nós estamos perdidos”, lamentou.

Pontos finais

Em lugares ermos, a mercê de todo tipo de crime. Esta é a realidade dos pontos finais dos coletivos de São Luís. Seja na Forquilha, Cohama, Bequimão ou Cohajap a insegurança também atinge também o ponto de fiscalização das linhas que circulam em São Luís. “Falta policiamento, segurança. Aqui (ponto final) a noite é deserto e quase nunca passa uma viatura da Polícia Militar. Vários fiscais já foram roubados e muitos outros estão expostos a outros tipos de crime, pois nunca há ninguém”, desabafou uma fiscal da empresa Viação Primor que está alocada em um destes locais desertos.

Ela aproveitou para sugerir que a Secretaria de Segurança Pública em conjunto com os empresários implantem sistemas cada vez mais inusitados para coibir os roubos. “Eles poderiam colocar GPS (Sistema de Posicionamento Global) para acompanhar o trajeto dos coletivos, ou então alarmes silenciosos como os que existem nos bancos. Não importa o que seja, mas algo tem que ser feito”, finalizou.

Greve em pauta

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Maranhão (Sttrema), Dorival Silva, “os elevados casos de roubos a ônibus coletivos na região Metropolitana de São Luís e a omissão do poder público e do empresariado” pode resultar em uma greve geral para pedir mais segurança para a categoria.

Ontem Dorival encaminhou um novo documento a Secretaria de Segurança Pública, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte e Sindicato dos Empresários do Transporte reforçando as reivindicações por maior segurança nos coletivos. A nova solicitação é decorrente da falta de resposta do documento anterior entregue a governadora Roseana Sarney. “Entregamos novamente nossa pauta de reivindicações e esperamos que o governo e demais órgãos competentes se posicionem em relação a implantação de novas políticas de segurança para os trabalhadores rodoviários. Não vamos mais aceitar essa situação que já está fora de controle”, destacou.

O líder sindical também adiantou que na próxima semana deverá ser convocada uma Assembléia Geral para definir detalhes de uma nova paralisação em protesto pelo não cumprimento do acordo firmado com a SSP e demais responsáveis. “Semana que vem faremos uma assembléia para definir detalhes de uma nova greve caso não sejamos atendidos pelo poder público”, finalizou.

Os rodoviários reivindicam a implantação de policiais a paisana nos coletivos, postos avançados de policiamento ostensivo (nos locais de maior incidência de roubos), câmeras e detectores de metal nos terminais de integração, assim como a veiculação de uma cartilha de orientações para passageiros e funcionários sobre como agir em situações de perigo como assaltos.

DADOS

Número de assaltos por mês
Janeiro – 58
Fevereiro – 33
Março – 40
Abril – 45
Maio – 69
Junho – 69
Julho (até 27) – 65
TOTAL – 379 casos

Comparação por ano
2010 – 361 casos
2011 – 377 casos
2012 – 268 casos
2013 (até julho) – 379 casos
TOTAL – 1.385 casos

Com informações do Imparcial.

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