Absurdo: Empresa de lobista faturou 1 milhão de reais com licitações
Apontado como o operador do esquema de compra e venda de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo, o ex-vereador de Nhandeara, Fabrício Menezes Marcolino, é sócio de uma construtora que arrebanhou, entre 2010 e 2011, ao menos 1,1 milhão de reais em verbas estaduais para reformas e construção de prédios em nove municípios do interior paulista. Desde abril de 2009, Marcolino é dono de 50% do capital social da empresa Andreossi Construções e Empreendimentos Ltda.
O ex-vereador ─ que atualmente preside o PTN de São José do Rio Preto ─ foi acusado por testemunhas ouvidas pela Corregedoria-Geral da Administração (CGA) de pagar propinas em dinheiro vivo para o ex-deputado José Antonio Bruno, do DEM de São Paulo. Zé Bruno, como é conhecido, nega as acusações. Ele próprio disse que Fabrício atuava como lobista na Assembleia e constituía o elo entre deputados e prefeitos.
A maioria das licitações vencidas pela construtora Andreossi foi homologada em 2011, quando o ex-vereador já estava sendo investigado formalmente. Depois do escândalo do emendoduto na Assembleia paulista, o Ministério Público estadual decidiu desarquivar um inquérito civil que apura a atuação de Fabrício na contratação de sua própria empresa para obras de reforma da creche municipal de Floreal, município do interior de São Paulo.
As obras ─ realizadas em 2010 ao custo de 139.870,86 reais ─ foram financiadas com recursos de indicação parlamentar aprovada em 2009. Segundo o promotor Evandro Ornelas Leal, o inquérito que apurou a denúncia de licitação fraudulenta será reaberto por causa das novas denúncias envolvendo Fabrício. “São fatos novos que justificam a reabertura”, disse Leal.
O inquérito em Nhandeara foi aberto em 2010 depois que o empresário José Laércio da Silva contou ao promotor que recebeu o “aviso” de que não poderia participar da licitação porque a obra já estava prometida a Fabrício. “Foi o que o prefeito e um vereador da cidade me falaram na época”, disse Silva, que representava uma das três empresas que participavam da licitação por carta-convite. “Mas depois negaram tudo”.
O promotor Leal informou que, depois da denúncia, a prefeitura suspendeu a licitação, que foi reaberta dois meses depois e vencida pela empresa de Fabrício, a construtora Andreossi. O ex-vereador de Nhandeara negou que atue como lobista de emendas na Assembleia Legislativa e prometeu ajuizar ação de calúnia, injúria e difamação contra os denunciantes.
Agência Estado