Senador do Amapá acusa Sarney de perseguição e João Alberto sai em defesa
Em um discurso que, somado aos apartes, durou quase duas horas, Randolfe afirmou que uma denúncia feita pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá Fran Júnior está até hoje no Conselho de Ética do Senado servindo como uma espada sobre ele e o senador João Capiberibe (PSB-AP). Ele denunciou pressões que estariam sendo feitas a ele pelo líder do PTB, Gim Argello (DF).
— Eu não posso aceitar e admitir que esta história não fique às claras, que esta história vire conversa de escaninhos, conchavos de bastidores. Na quarta-feira pela manhã, aprovamos um projeto de resolução que institui a ficha limpa para a contratação de assessores nos gabinetes dos Senadores. Eu procurei as lideranças para buscar a urgência para podermos colocar em votação esse projeto e aí recebi como aconselhamento… Acho até que pode ter sido na melhor das intenções. O Senador Gim me disse: “Randolfe, há um procedimento aí no Conselho de Ética. É melhor você resolver logo. Conversar com o Senador João Alberto”. Eu respondi ao Senador Gim Argello dizendo o seguinte: “Este procedimento nós temos que resolver às claras, não podemos resolver reservadamente” — afirmou.
Na semana passada, Randolfe havia confidenciado a interlocutores que entendeu a fala de Argello como uma ameaça velada. Hoje, minutos antes de subir na tribuna, no entanto, Randolfe foi interpelado pelo senador que disse que estava solidário a ele caso ele estivesse sido ameaçado.
— Não posso admitir a submissão por conta de um procedimento que não é encerrado, que não é fechado, por conta de um procedimento que fica pairando como se fosse espada de Dâmocles sobre nós. E não posso e não aceitarei curvar a coluna para isso, pois aprendi que a minha coluna só se curva duas vezes: ao Deus, pai do céu, e aos meus pais aqui da terra, e ao povo da minha terra, que me designou para cá. Por isso, não é isso que vai fazer a coluna curvar — disse Randolfe, completando mais tarde: — Ou seja, o Procurador da República não só diagnosticou a inexistência de qualquer veracidade sobre a denúncia quanto a mim e quanto ao Senador Capiberibe, como também pediu a investigação de falsidade documental, mais uma vez – mais uma vez! – contra esse denunciante.
Em um dos apartes mais vigorosos em apoio a Randolfe, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que daria “nome aos bois” e acusou o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), principal aliado do presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), de estar por trás das denúncias.
— A gente tem que enfrentar isso com clareza e com transparência, sem subterfúgios. Acho que é o ex-Presidente desta Casa, José Sarney, que está por trás disso. Primeiro, porque o Presidente do Conselho de Ética não faz nada sem ouvi-lo. Ele não faz absolutamente nada sem ouvi-lo. É do Estado do Maranhão. Repare que coincidência. São três Senadores — cada Estado tem três Senadores da República: vossa excelência, Randolfe, e o ex-Presidente da República José Sarney, que não se encontra aqui. Então, seria importante que, quando ele se recuperasse, falasse ao País, sem querer dar lições a ninguém, explicando por que um pupilo dele, uma pessoa que é do Estado dele, que não contraria a orientação dele, ainda não resolveu isso no Conselho de Ética — afirmou Jarbas.
Ao fim do discurso, o presidente do Conselho de Ética subiu à tribuna para afirmar que dentro da denúncia que recebeu havia um laudo do perito Ricardo Molina afirmando ser legítimo o documento que comprovaria o envolvimento de Randolfe com um mensalinho no estado do Amapá. Ele afirmou ainda que não vai arquivar o caso de imediato.— O perito afirma que saíram do punho dele a assinatura. Como é que posso mandar isso para a arquivo — explica Alberto.
Randolfe encerrou o debate em tom exasperado:
— Fui ameaçado de morte por essa quadrilha quando estava no no estado do Amapá e não aceito ser ameaçado de novo. Não aceito ser ameaçado de novo, meu filho de 5 anos foi ameaçado por esse esquema 14 anos atrás, fui vítima e estou sendo vítima de novo — afirmou Randolfe.
Outro senador que apoiou Randolfe foi Pedro Taques (PDT-MT), que cobrou o arquivamento dos processos e disse que há “um cadáver putrefato no Conselho de Ética”.
— Estão utilizando instituições do Senado como instrumento de vingança — disse Armando Monteiro (PTB-PE).
Os processos que estão em curso contra Randolfe no Conselho de Ética dizem respeito a denúncias da década de 1990, quando Capiberibe era governador do Amapá e foi acusado de ter feito pagamentos de R$ 20 mil para deputados aliados, entre eles a Radolfe.
A denúncia, que foi feita ao Senado por um cidadão, foi encaminhada por Renan Calheiros (PMDB-AL) para a Procuradoria Geral da República (PGR), que a considerou improcedente e arquivou. Mesmo assim, o Conselho de Ética continua com os processos.
Renan encaminhou o processo à PGR em março deste ano, mas Gurgel arquivou o caso. Os senadores dizem que a acusação foi fraudada por documentos na época, uma vez que Randolfe era o único aliado de Capiberibe na Assembleia Legislativa do Estado. Apesar do arquivamento pela procuradoria, o conselho mantém o caso em aberto.
— Há perícias técnicas na polícia do Amapá que comprovam tudo ser falso. A procuradoria também já arquivou esse acaso— disse Capiberibe.
14/08/2013 às 19:39
Todos dois são farinha do mesmo saco joão Alberto e sarney são sucessor do capeta!