Humberto Coutinho garante que vai lutar por um parlamento livre
Imparcial
Um ano atrás, Humberto Coutinho (PDT), estava entre a vida e a morte, correndo o risco de nem participar das eleições estaduais de outubro. Porém ele venceu problemas de saúde e hoje é presidente da Assembleia Legislativa.O parlamentar diz que foi uma grande vitória e conta que mudou o modo de viver. Porém, garante que se manterá ativo na condução do trabalho no legislativo, inclusive buscando garantir a independência e autonomia da Casa.
Coutinho fala de sua relação com o governador Flávio Dino (PCdoB), da representatividade do PDT e das eleições municipais de 2016. Humberto se mostra um habilidoso político. Capaz de conduzir com competência um dos poderes estaduais, o legislativo. Ele ainda reconhece o trabalho do ex-presidente e chama para si, responsabilidades como mudanças a serem promovidas na política.
Confira na íntegra a entrevista:
O Imparcial – Humberto qual é o principal desafio da sua gestão a frente da Assembleia Legislativa?
Humberto Coutinho – São vários desafios. O primeiro é manter a Assembleia unida. Aqui temos deputados de oposição ao governo, mas queremos buscar a união e o respeito. A oposição terá seu espaço, mas o governo terá a maioria, existindo um respeito entre todos. Eu pretendo manter as discussões no campo democrático, discutindo ideias e não ofensas pessoais. Vamos aprovar as propostas do governo, buscar viver em harmonia entre os poderes, o legislativo, executivo e judiciário.
Como a Assembleia Legislativa vai se comportar em relação a reforma política?
A reforma política é um tema de extrema importância. Para mim o principal, seria a realização de eleições de dois em dois anos, pois ninguém aguenta mais ter esse desgaste em um período tão próximo. Tem de haver uma mudança a partir desse ponto e do tempo de mandato. Deve-se também ter uma redução da quantidade de partidos, hoje são quase 40 e outra infinidade querendo obter registro, isso é um absurdo. Eu acredito que a reforma política deve ser um trabalho em conjunto entre diversos entes políticos e aqui nós estamos prontos para contribuir.
O senhor recebeu 40 dos 42 votos possíveis. O senhor se considera um superpresidente?
De forma alguma. Eu sou um deputado como outro qualquer. Eu estou na presidência, mas meu voto como parlamentar tem a mesma importância que o dos demais. É claro que existe a liturgia do cargo, mas não me acho melhor que ninguém.
E a que se deve esse apoio maciço? O seu poder de articulação, a entrada do governador ou outro fator?
O governador não articulou, mas ele foi simpático a minha candidatura. Ele não pediu voto pra mim, mas acredito que de forma particular ele tenha me ajudado. Mas eu me articulei com os deputados, ganhei a confiança dos deputados e tive muita conversa com os meus colegas parlamentares. Formamos uma grande amizade. Os deputados novos desta Casa confiam em mim. Revelo que foi um grande jogo de cintura garantir o apoio de tantos deputados. E os dois (Andréa Murad e Sousa Neto) que não votaram em mim são meus amigos. Já os recebi no meu gabinete e deixei bem claro que não irei trata-los com nenhuma diferença em relação aos demais.
O senhor é do PDT, naturalmente contribui para o partido voltar a ser forte no estado, uma vez que já governou, agora preside a Assembleia. Como é a sua relação com o diretório estadual e como o senhor avalia esse momento da legenda?
Falar de partido é muito complicado. O PDT tem sua história. Jackson Lago era o norte do PDT, foi um dos fundadores, foi eleito prefeito de São Luís e governador do Maranhão. Porém com a morte de Jackson, existiu um vácuo no PDT, inclusive no diretório nacional. O partido tá se encontrando novamente. Tem quatro deputados estaduais, 2 federais e estamos conversando, pra deixar o PDT do tamanho que ele é, ainda mais pela sua história no Maranhão. Naturalmente somos da base de apoio do governador.
Como é a relação do presidente Humberto Coutinho com o governador Flávio Dino?
Excelente. O Flávio é meu amigo. Confio nele. Digo que o Maranhão tem um governador competente. Ele é determinado e trabalhador, tenho certeza que ele vai trabalhar 24 horas para melhorar o nosso estado. Inclusive as suas primeiras ações já demonstram que ele é um governante não diferente, ele não olha apenas para quem votou nele, mas sim para todos. Ele vem lançando programas que vem beneficiando a nossa população, o programa “Mais IDH”, que inclusive beneficia prefeitos que não apoiaram ele. O programa de moradia digna, escola, saúde, educação, tudo isso o Flávio Dino tem feito para promover melhoria nos indicadores sociais. Temos grande esperança!
E como será a postura do parlamento em relação ao governo?
A Assembleia é autônoma e independente. Governo e parlamento são parceiros, mas ambos vão buscar o melhor para o nosso estado, cada um respeitando o seu espaço.
As comissões já estão todas definidas?
Eu não tenho participado dessas reuniões. Como presidente estou sendo apenas comunicado. Dessa forma deixei os deputados e os blocos bem a vontade para definirem entre eles, a composição e liderança. Até porque quem define isso são os partidos e blocos, não o presidente.
Como o recebeu a Assembleia Legislativa da antiga administração?
Muito bem. O Arnaldo Melo entregou a Casa bem administrada e sem problemas financeiros. Não tenho nada do que reclamar. Somente a administração é nova, afinal é um novo presidente, mas não há problemas.
Em relação aos projetos iniciados na gestão passada como a Assembleia Itinerante, o senhor pretende continuar?
Claro. O que é bom deve continuar. Quando terminar o período de chuvas, vamos retomar esse trabalho. Pois devemos lembrar que em 1998 houve a itinerância e infelizmente uns deputados faleceram em acidente. Dessa forma devemos nos preservar. Mas vamos levar nosso trabalho para o interior e contar com o apoio dos parlamentares em suas bases.
Como presidente da Assembleia Legislativa, o senhor tem poder e influência política. Como será sua participação nas eleições municipais de 2016?
Nas minhas bases onde tenho trabalho há mais de 20 anos, vou manter minha atuação, mas não vou invadir a base de ninguém. Aproveito para garantir que irei manter meu trabalho no leste maranhense.
No ano passado, o senhor ficou entre a vida e a morte, hoje o senhor é presidente da Assembleia. O que passa na sua cabeça?
Um ano atrás eu estava em coma. Passar o que passei, por vários médicos, cirurgias e poucos pessoas sabiam, acredito que é uma grande vitória eu ter conquistado a voltar ter minha vida normal. Tudo isso fez eu pensar sobre o modo de viver, valorizar a vida, espiritualmente estou mais forte, pois você muda também a forma de agir. Nessas horas que a gente tem certeza que Deus existe, ainda mais das orações recebidas de parentes, amigos e eleitores. Eu quase não fiz campanha, foi bem reduzida, mas agradeço a todos que me ajudaram. Chegar a presidência dessa Casa, fico imaginando a oportunidade que Deus me deu e a importância que é de comandar esse parlamento. Hoje me sinto muito feliz.