Edinho Lobão pagou suposto emissário em paraíso fiscal com verba pública
Cayman, conhecido paraíso fiscal no Caribe.
Por meio da cota parlamentar do Senado, destinada a despesas como aluguel de imóveis para escritório político, alimentação e passagens aéreas, Lobinho, como é conhecido, pagou R$ 6.750 mensais a Coutinho de abril de 2009 a fevereiro de 2010, no total de R$ 74.250.
Segundo Lobinho, Coutinho foi locador de três salas comerciais onde funcionou seu escritório político durante este período. O ex-senador diz que ele e Coutinho são amigos e que ele atua como seu advogado “em algumas causas”, além de ter sido coordenador político de sua última campanha na disputa pelo Governo do Maranhão, nas eleições passadas.
Coutinho é citado como representante de Lobão na empresa Diamond Mountain em um processo que investiga o ex-ministro por suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. O processo teve início na Justiça Federal de São Paulo, as foi encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal) em fevereiro deste ano, uma vez que Lobão, como senador, tem foro privilegiado.
Lobão é suspeito, de acordo com “O Estado de S. Paulo”, que revelou o caso, de ser sócio oculto da holding Diamond Mountain, grupo sediado nas Ilhas Cayman, responsável por captar recursos de fundos de pensão, empresas que recebem dinheiro de bancos públicos e de fornecedores da Petrobras.
A defesa de Lobão nega que o ex-ministro tenha qualquer relação empresa, mas admite que no dia 2 de junho de 2011 o peemedebista recebeu no Ministério de Minas e Energia um executivo da holding, Marcos Henrique da Costa. No encontro, segundo o advogado de Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, foram tratados apenas assuntos relacionados a investimentos do grupo no país.
Também estaria presente no encontro o advogado maranhense Márcio Coutinho, que seria o representante de Lobão na holding.
OUTRO LADO
O ex-senador Edinho Lobão disse que a contratação de Coutinho foi realizada na forma legal e regimental do Senado. Ele disse que seu pai não tem relação com as empresas citadas e “muito menos possui ativos financeiros ou patrimoniais, direta ou indiretamente, nas ilhas Cayman ou outro paraíso fiscal”.
Segundo o peemedebista, a relação de seu pai, o senador Edison Lobão com Márcio Coutinho era protocolar até 2014, “quando houve uma aproximação maior por meu intermédio”.
A Folha telefonou para o escritório de Coutinho e deixou recado com a secretária, mas ele não retornou. O advogado também não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem por e-mail.