Braide recebeu mais de R$ 55 mil da Assembleia quando já estava na Câmara
O deputado federal Eduardo Braide, candidato do Podemos à Prefeitura de São Luís, foi deputado estadual por dois mandatos consecutivos, sendo eleito pela primeira vez em 2010, se reelegendo para o mesmo cargo nas eleições de 2014.
Passou pelo menos oito anos na Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), período em que recebeu 18 salários por ano, cumulativos com um auxílio-moradia no valor de R$ 2.850,00, embora tivesse residência fixa em São Luís.
O benefício que estava em vigor desde 2010 foi revogado pelo Decreto Legislativo nº 448 aprovado em 2018, último ano de mandato de Braide na Casa do Povo.
O candidato do Podemos foi eleito deputado federal em 2018 e assumiu na Câmara Federal no dia 1º de fevereiro de 2019. Mesmo fora da Assembleia Legislativa, Braide continuou onerando o bolso do cidadão maranhense.
Investigação feita pela reportagem do site do Luís Pablo encontrou documentos oficiais que provam que o legislativo estadual gastou a bagatela de R$ 55 mil com o parlamentar que não estava mais no seu cargo, e que também não ocupava nenhuma função no Palácio Manuel Bekman, sede do Poder Legislativo estadual.
O pagamento foi registrado pelo legislativo com recursos da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), referente ao ressarcimento de plano de saúde, conforme dados disponíveis no Portal da Transparência.
Segundo os extratos obtidos pela reportagem, os valores variam entre R$ 1.609,00 e R$ 37.912,84, que totalizam uma quantia de R$ 55.708,87. Os registros mostram que os pagamentos foram efetuados nos dias 29 de janeiro, 20 e 26 de fevereiro de 2019, quando já não exercia mais o mandato de deputado estadual, e, portanto, não deveria mais receber os repasses.
NEM TUDO O QUE É LEGAL É MORAL
Legalidade e moralidade nem sempre andam de mãos dadas quando se trata de avaliar a vida pública de Eduardo Braide. Deveriam estar, mas não estão. Afinal, ele é daqueles gestores que representam o jeitinho brasileiro, regado à impunidade e ao nepotismo, que tanto mal causam ao Estado.
A importância da transparência é que ela nos ajuda a antecipar algo que pode ser pior ainda no futuro. Ela previne, informa e esclarece dúvidas. Além disso, graças a essa ferramenta, tivemos como comprovar esse escândalo com nosso dinheiro mostrando que Braide ignorou a velha máxima sobre “todas as coisas me são lícitas, mas nem tudo me convém”.
FAZENDO AS CONTAS
Por oito anos, Braide custou caro ao bolso do contribuinte. De 2011 a 2019, recebeu uma ajuda de custo em torno de R$ 40 mil por ano. Ele também recebeu ainda o 13º, 14º, 15º, 16º, 17º e até o 18º salário durante o tempo em que ficou como deputado. Além dos salários, o candidato do Podemos também tinha direito a verba de exercício parlamentar, de gabinete e ao auxílio-moradia.