Um estado burocrático

Por Luís Pablo Política
 

Por Chico viana

Vereador Chico Viana

O assunto é recorrente, mas agora parece que a coisa pode ir, pelo menos no Pará que já tem plebiscito marcado para o dia 11 de dezembro que decidirá sobre a divisão do Pará para a criação de mais dois estados, Carajás e Tapajós. Votam todos, os eleitores do Estado mãe e filhos.

O Piauí, ainda espera por seus pretendidos Estados, São Francisco e Gurguéia, e o Maranhão volta a toda carga, com o Maranhão do Sul. É este que nos interessa,

Sem nos aprofundar nos meandros sócio-econômico-político-culturais, é flagrante que a criação do Estado do Maranhão do Sul irá transformar o nosso Maranhão, aqui do Norte, em um Estado Museu, onde só ainda terá algum alento de atividade, por força da burocracia estatal que permanecerá fincada na Ilha, capital do Estado e abrigo do Governo.

A criação maranhão do Sul é do sul, será de um impacto quase mortal ao maranhão, cujo centro administrativo fica na ponta do Estado, longe de tudo e de todos, e onde se quiser chegar, chega-se por um estreito, e se quiser prosseguir, segue-se o mar.

Próximo dos pródigos mercados, caminho obrigatório de passagem para os grandes centros, Brasília, Rio, São Paulo, todo o sul do País, sem contar as vias de acesso que por lá permeiam para desembocar o Norte do País, do Pará ao Acre, o Maranhão do Sul anulará um percentual mais que razoável da importância do nosso Estado.

Parte do Maranhão hoje, o leste do Estado, já se vale e socorre o Estado do Piauí.

De Peritoró para lá, o maranhão não conta. Tudo lhes é servido do Piauí. Toda atividade econômica gravita em torno do Estado vizinho,

Comerciantes daquela região se abastecem naquele Estado, inclusive de combustíveis que, mesmo indo daqui, é mais barato. Lá se leva a sério a criminalidade do cartel.

Mais do que nunca o Maranhão, aqui do norte, com sua velha capital será um ponto final. Daqui, se pouco se produz, menos ainda produzirá. Será apenas um porto de um Estado em trânsito.

Gusa e grãos e outros produtos de exportação continuarão de passagem para embarcarem no Porto.

Talvez permaneçam algumas das indústrias dessas que fazem da Ilha um quarto de despejo, e que nos fariam um favor se nunca aqui houvesse postos os pés.

Celulose, couro, gesso, carne bovina (naquela região têm o maior rebanho do Estado), leite, e outros produtos mais dali seguirão caminho para o mercado consumidor interno mais próximo, e mais acessível do que o mercado que restará do espólio desta emancipação açodada.

Não é nada, não é nada, O Maranhão do Sul terá uma área de cento e cinqüenta mil metros quadrados, será então o quinto maior Estado do Nordeste, possuirá 49 municípios, uma população de 1, 1 milhão de habitantes, com estimativa de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), que em dados de 2004, ERA de R$ 16,5 bilhões.

A arrecadação da região do Tocantins girava em torno de 5,3% do total do antigo estado. Hoje, representa 27,6% da arrecadação de Goiás

É provável que isto ocorra aqui também e que fiquemos cá tão despovoados e desprovidos, como o Centro Histórico em dia de semana.

Dividir-se-á representação na Câmara, no Senado, na Assembléia, na Magistratura, perdendo representação, importância e, principalmente emprego. Toda burocracia civil e os efetivos militares e civis serão reduzidos. Uma comoção nunca vista.

Serão mais três senadores, oito a dez deputados federais, mais ou menos 20 deputados estaduais, isso no legislativo do novo Estado. No executivo, governadores, secretários, presidentes de autarquias, enfim todo o aparato institucional para se executem as leis e se administre um Estado. E para aplicá-las, o Judiciário com todos os seus juízes, desembargadores, promotores, procuradores, etc…etc… Enfim uma fortuna.

Obviamente, que tudo tem seu custo, e nós pagaremos duas vezes. Pela perda do território e pelo financiamento do novo Estado.

O Estado de Tocantins, por exemplo, gastou na construção da infra-estrutura burocrática e na urbanização, cerca de 800 milhões de reais.

Mesmo com a cidade de Imperatriz já erigida muitas obras serão necessárias para que uma cidade interiorana se torne capital de um Estado. Mais cedo,ou mais tarde há de se fugir das improvisações e edificar prédios próprios e específicos, como se fez em Palmas.

Construíram-se Palácio do Governo, Fórum, Assembléia, Ginásios, Estádios Hospitais, Universidades, a cidade foi toda urbanizada, enfim, uma capital inteira, com todos os ônus,

Ah, mas outros Estados foram divididos e vão muito bem, ou pelo menos não houve esta crise toda que se está a anunciar.

Pode ser, mas observem que dos últimos Estados criados Mato Grosso do Sul e Tocantins Estados, além de abarcarem os municípios mais prósperos, não tinham a desvantagem da peculiaridade geográfica que tem o Maranhão com uma capital num extremo, isolada; de regiões que dependem de outro Estado para serviços essenciais como saúde e abastecimento, e que vai desfazer-se justamente do que ainda resta de produtivo.

São só dúvidas a serem colocadas como discussão que tem tudo para ser superficial e apressada, afinal a fome dos arrivistas eleitoreiros é insaciável.

Não estão criando mais 126 municípios de algibeira, para beneficiar deputados cujo maior sonho é ter um feudo para cevá-los?

Então, não tem o menor direito de reclamar.

Um comentário em “Um estado burocrático”

  1. Chico Viana

    REPARO RELEVANTE:O tamanho do novo estado seria 150 MIL KMS quadrados e não metros quadrados.
    Erramos ao estimar as dimensões do proposto EstadoMaranhão do SUL.

    São 150 mil quilômetros quadrados e não metros.

    Chico Viana.

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