Ex-governadora Roseana Sarney
A edição da Revista Veja deste domingo, dia 14, traz à tona uma matéria bombástica envolvendo a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney e o doleiro Alberto Youssef.A reportagem revela que o braço-direito do doleiro, Rafael Ângulo Lopez, entregou R$ 900 mil de propina para Roseana dentro do Palácio dos Leões.
Rafael Ângulo era o distribuidor da propina que a quadrilha do doleiro desviou dos cofres da Petrobras. Durante quase uma década, ele executou esse trabalho, sendo o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros.
Senhor de cabelos grisalhos, o empregado de Youssef era “o homem das boas notícias”, passando os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.
A ex-governadora Roseana Sarney foi um dos destinatários da proprina que Rafael Ângulo transportou, segundo a reportagem da Revista.
Secretário de Planejamento, Bernardo Bringel, e o ex-chefe da Casa Civil, João Abreu
Suspeita-se que essa propina envolvendo Roseana esteja relacionada ao mesmo caso que a contadora Meire Poza revelou durante seu depoimento à Polícia Federal.Segundo a ex-contadora do doleiro, o Governo do Maranhão recebeu propina de Youssef para pagar R$ 120 milhões em precatórios à empresa Constran. Meire Poza falou ainda que tiveram participação nesse esquema o ex-chefe da Casa Civil, João Abreu, e o atual secretário de Planejamento, João Bernado Bringel.
Ainda segundo a reportagem da Veja, além de Roseana outros políticos também receberam propina em domicílio.
Agora entregador dessa propina, Rafael Ângulo, já se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, a exemplo do seu ex-patrão, Alberto Youssef.
É Bomba, Bomba e Bomba!
Abaixo o texto da Revista Veja:
Exclusivo na VEJA! Disque-propina (Por Robson Bonin e Hugo Marques da Veja)
Depois de tantas revelações sobre engenharias corruptas complexas de sobrepreços, aditivos, aceleração de obras e manobras cambiais engenhosas, a Operação Lava-Jato produziu agora uma história simples e de fácil entendimento. Ela se refere ao que ocorre na etapa final do esquema de corrupção, quando dinheiro vivo é entregue em domicílio aos participantes.
Durante quase uma década, Rafael Ângulo Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia abaixo, executou esse trabalho. Ele era o distribuidor da propina que a quadrilha desviou dos cofres da Petrobras. Era o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros.
Acompanhado de seus advogados, Rafael Ângulo Lopez negocia um acordo de delação premiada com a Justiça
Braço-direito do doleiro Alberto Youssef, o caixa da organização, Rafael era “o homem das boas notícias”. Ele passou os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.
Os vôos da alegria sempre começavam em São Paulo, onde funcionava o escritório central do grupo. As entregas de dinheiro em domicílio eram feitas em endereços elegantes de figurões de Brasília, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, São Luís. Eventualmente ele levava remessas para destinatários no Peru, na Bolívia e no Panamá. Discreto, falando só o estritamente necessário ao telefone, não deixou pistas de suas atividades em mensagens ou diálogos eletrônicos.
Isso o manteve distante dos olhos e ouvidos da Polícia Federal nas primeiras etapas da operação Lava-Jato. Graças à dupla cidadania — espanhola e brasileira —, Rafael usava o passaporte europeu e ar naturalmente formal para transitar pelos aeroportos sem despertar suspeitas. Ele cumpria suas missões mais delicadas com praticamente todo o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daqueles usados para embalar alimentos.
A muamba, segundo ele disse à polícia, era mais fácil e confortável de ser acomodada nas pernas. Quando os volumes era muito altos, Rafael contava com a ajuda de dois ou três comparsas.
A rotina do trabalho permitiu que o entregador soubesse mais do que o recomendável sobre a vida paralela e criminosa de seus clientes famosos, o que pode ser prenúncio de um grande pesadelo. É que Rafael tinha uma outra característica que poucos sabiam: a organização. Ele anotava e guardava comprovantes de todas as suas operações clandestinas.
É considerado, por isso, uma testemunha capaz de ajudar a fisgar em definitivo alguns figurões envolvidos no escândalo da Petrobras. VEJA apurou que o entregador já se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, a exemplo do seu ex-patrão.
Veja dois dos destinatários da proprina que Rafael Ângulo Lopez transportava.