![Líder indígena Uirauchene Soares acorrentado dentro do plenário da Assembleia do MA](https://luispablo.blog.br/wp-content/uploads/2015/07/Líder-indígena-Uirauchene-Soares-e1436469857478.jpg)
Líder indígena Uirauchene Soares acorrentado dentro do plenário da Assembleia do MA
Uirauchene Soares, um dos líderes do movimento indígena que segue acampado na Assembleia Legislativa, fez graves acusações ao governo do Estado, durante entrevista à Rádio Mirante AM, no programa Abrindo o Verbo, na tarde de quarta-feira(8).De acordo com o líder do movimento, o secretário de Articulação Política Márcio Jerry e a Superintendente de Assuntos Jurídicos da Seduc, Dra. Silvana Carla Costa dos Santos, fizeram licitação fraudulenta para prestação do serviço de transporte escolar, visando beneficiar um índio ligado ao secretário.
Segundo o indígena, será preparado um dossiê para apresentar ao Ministério Público e a Polícia Federal com todas as irregularidades do programa Escola Digna e feito também uma lista de funcionários do governo que estão recebendo propina de empresas.
O grupo, que está há dias em manifestação por melhorias nas escolas das aldeias indígenas, continua na sede da Assembleia fazendo greve de fome e só deve sair de lá quando for atendido pelo governador Flávio Dino.
Tentando diminuir a repercussão negativa que o caso vem tendo para o governo, na manhã desta quinta-feira (9), a Secretaria de Comunicação enviou nota oficial à imprensa sobre as manifestações, mas como de costume atribuiu apenas cunho financeiro como motivo das reivindicações dos indígenas. Confira abaixo a nota da Secom.
Sobre o movimento liderado por empresários que exploram o transporte escolar indígena, o Governo do Maranhão esclarece:
1- Em fevereiro de 2015, a nova equipe de governo foi surpreendida com a alegação da existência de suposta dívida de R$ 50 milhões com empresários proprietários de ônibus e vans que diziam ter feito transporte de alunos indígenas nos anos de 2013 e 2014, no governo passado.
2- Diante do surpreendente fato e da inexistência de documentos regulares comprovando a suposta dívida, o Governo do Maranhão realizou dezenas de reuniões de negociação com empresários que lideravam a mobilização.
3- Como resultado das negociações o Governo do Maranhão tomou as seguintes providências:
a) Efetuou o pagamento de R$ 4 milhões para empresas que exploravam o transporte escolar indígena nos anos de 2013 e 2014. Este valor foi pago porque havia provas razoáveis de que esses serviços teriam sido prestados, em tais casos.
b) Foi editado decreto fixando novos parâmetros para a execução do transporte escolar indígena em 2015, o que vem sendo cumprido pelo atual governo.
c) Houve o reconhecimento jurídico das escolas indígenas.
d) Foi instituída equipe própria nas unidades regionais de educação para tratar de escolas indígenas, mediante um acompanhamento cotidiano e sério.
e) Foram retomadas e concluídas obras em escolas indígenas.
f) Foi iniciado um programa de visitas técnicas às escolas indígenas, visando aprimorá-las. Esse programa foi interrompido pelo absurdo sequestro de duas professoras por determinação dos tais empresários que exploram o transporte indígena.
4- No momento atual, o Governo do Maranhão mantém-se como sempre esteve: pronto para o diálogo sobre os reais interesses das populações indígenas, desta feita com a presença do Governo Federal representado pela Funai e do Ministério Público Federal.
5- Reafirmamos que dívidas de 2013 e 2014, não reconhecidas nem mesmo pelo governo passado, não serão pagas, diante de inexistência de condições jurídicas para que haja tais pagamentos, que chegariam a R$ 50 milhões, conforme o desejo de alguns empresários.
6- Por fim, lamentamos que oportunistas e exploradores dos índios tenham se juntado e rompido diálogo democrático que o Governo sempre fez em dezenas de reuniões.
São Luís, 9 de julho de 2015.
Governo do Estado do Maranhão