Por Oswaldo Viviani
O ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-MA) acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir por “vingança” contra ele, ao incluir o nome da ex-governadora Roseana Sarney no “listão” de políticos a serem investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no “propinoduto” da Petrobras (Operação Lava Jato). Na sexta-feira (6), o STF divulgou que vai abrir inquérito para investigar 47 políticos, entre eles Roseana Sarney.
José Sarney
Segundo José Sarney escreveu ontem (8) em sua coluna no jornal “O Estado do Maranhão”, de sua propriedade, o motivo da vingança de Janot seria a recusa, pelo Senado, da aprovação do nome do procurador Nicolau Dino – irmão do atual governador maranhense Flávio Dino (PC do B), adversário político do grupo Sarney – no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).“Um cabeça coroada do órgão [MPF], cérebro e braço direito do dr. Janot, foi recusado para o CNMP. Agora, o dr.Janot, em solidariedade ao colega, coloca mal a instituição MP. Como vem fazendo desde a última eleição, quando pediu intervenção federal no Maranhão e perseguiu a governadora Roseana Sarney no episódio de Pedrinhas, resolve vingar-se de mim, atribuindo-me a culpa pela recusa do amigo”, escreveu Sarney.
No artigo, intitulado “As marcas do fanatismo”, Sarney fala, ainda, de “injustiça” contra ele e Roseana e defende a filha: “Ela nunca foi à Petrobras, nunca teve nenhuma relação com o sr. Paulo Roberto Costa, nunca teve nenhum pleito na Petrobras por firmas ou pessoas”.
De acordo com o pedido de instauração de inquérito do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou, em delação premiada, que em 2010 mandou entregar R$ 2 milhões em espécie para a campanha à reeleição da governadora do Maranhão Roseana Sarney, a pedido do então ministro de Minas e Energia Edison Lobão.
O pedido de Zavascki foi baseado em denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot.
DINO – Em resposta a José Sarney, sem citar o nome nem o artigo do senador, o governador Flávio Dino manifestou-se no Twitter: “Dedico-me a governar o Maranhão, tentando superar a herança maldita deixada por Roseana Sarney e seu grupo. Quem tem problemas com a Polícia Federal que os resolva”.
E completou: “Afirmar ou insinuar que eu controlo a atuação do procurador-geral da República, além de sinal de desespero, agride a instituição MP. Tentar ‘politizar’ uma investigação séria é ridículo. O problema de Roseana e Lobão é com a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo”.