Deputado federal Josimar de Maranhãozinho, o lobista Magalhães e o agiota Pacovan
As operações deflagradas pela Polícia Federal sobre o esquema de desvios de emendas parlamentares comandado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), resultaram na apreensão de aparelhos celulares que revelaram conversas comprometedoras entre o parlamentar, o lobista João Batista Magalhães e o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan.
Na Operação Descalabro, deflagrada em dezembro de 2020, a investigação chegou a Magalhães após uma análise feita no celular apreendido de Josimar Maranhãozinho (PL-MA).
No aparelho, a PF localizou diálogos nos quais o lobista revelava que fazia contatos com diferentes prefeituras do Maranhão e com o Ministério da Saúde para agilizar a liberação de emendas parlamentares.
Segundo a Polícia Federal, esses recursos seriam desviadas para gerar dinheiro vivo aos integrantes do esquema criminoso.
No caso de Pacovan, investigação também obteve trocas de mensagens e conversas entre ele e Josimar. Em áudio enviado pelo agiota ao deputado, em 9 de junho de 2020, Pacovan se queixa que o “homi lá do Ribamar (prefeitura onde ocorriam os desvios)” só aceitava negociar diretamente com o parlamentar.
“Deixa eu te falar, ontem eu fui atrás do homi lá do Ribamar. Tentei falar com ele, ele disse que só senta se for contigo. Entende? Ele só paga se for pra você. Ele só resolve as com você. (…) Eu não posso perder, entendeu? Que é 6 milhão. Entendeu? Vai dar um milhão e meio. Que ele tem pra me pagar. E aí e eu perder esse dinheiro? (…) Me diz aí. Qual é a minha situação? (…) É seis milhão e pouco. Vai dar quase um 1,6 milhão de devolução”, diz o áudio.
Pacovan estava se referindo ao então prefeito de São José de Ribamar-MA, Eudes Sampaio, que contou na Polícia Federal que estava sendo alvo de extorsões do grupo liderado por Josimar de Maranhãozinho.
“O deputado federal Josimar Maranhãozinho é quem está à frente da estrutura criminosa, capitaneando não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas (próprias e de outros parlamentares comparsas) para os municípios, mas também orientando a cobrança (utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada), ao exigir dos gestores municipais a devolução de parte dessas verbas”, afirma a PF no inquérito.